quando um dia a vida morre, a morte morre também. oiço isto e algo mexe cá dentro. devagar, devagarinho. quando um dia a vida morre. sim. como é que fica o mundo? como é que fica a minha sala? penso nisto e vou à procura de a surpreender, surpreender a minha própria morte. gostava que fosse possível. gostava que tanta coisa fosse possível.
às vezes consigo sair do meu corpo e ficar a olhar-me de fora. vejo a minha cara, as minhas mãos, o meu peito, assim fora de mim. às vezes consigo voar por cima de cidades inteiras. se eu morresse e saísse, assim, de mim, o que é que eu poderia ver? será que não vem alguém e apaga a luz? fico a pensar nisto. a sair do meu corpo.
a morte morre também, a morte morre também. isto dito assim deveria tirar-me as esperanças. pode-se experienciar uma coisa morta? havia um tipo, na aldeia do meu pai, que diziam que escavava campas para amar os corpos dos mortos. isso é experienciar uma coisa morta? não sei. não sei. se eu saísse mesmo do meu corpo e me deixassem voar. mas também, quem é que deixa?pois.
Arquivo do extinto blogue Esferovite- a vida em pedaços (13-08-2003/ 4-01-2006)
sábado, maio 14, 2005
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4 comentários:
oh..nunca deixes de as fazer..às vezes o mais importante nem é a resposta, é a própria pergunta..*
Às vezes nós é que não acreditamos que temos asas e ficamos à espera que alguém diga que sim, que repare nelas para acreditarmos. Só nessa altura é que arriscamos voar. Nunca percas as asas. São o teu sonho, não são? Beijo grande.
Gostei realmente deste teu texto.
Fizeste-me lembrar determinadas coisas e e criaste uma e outra imagem que tão cedo não saem daqui.
Beijo, Luís.
Maria
eu gostava de pegar nas minhas asas e voar. uma viagem sem regresso...
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