agora fiquei a pensar como será quando uma mulher toma banho sozinha dentro de uma banheira. porque eu, eu não sei como é. ter-se um corpo de mulher e ficar a sentir a água a escorrer-nos pelo peito, pela barriga lisa, pelo sexo. agora fico a pensar nisso, a pensar num corpo, dentro de uma banheira. um corpo de mulher, os cabelos esticados e húmidos pelas costas. fico a pensar no que pensará, no que sentirá. porque eu, eu não sei como é.
porque eu, eu não sei o que é ter um corpo leve e perfumado. eu não sei o que é ser frágil e poder dançar ballet. eu não sei o que é ter mulheres que nos invejam os movimentos. eu não sei o que é escolher vestidos. eu não sei o que é sair-se da banheira e levar uma toalha enrolada na cabeça, a pingar água pelo corredor. eu não sei o que é ser limpo e bonito. eu não sei como é.
agora fiquei a pensar como será quando uma mulher toma banho sozinha dentro de uma banheira. como será quando uma mulher deixa cair a toalha, as toalhas, em cima da cama do quarto e olha, de frente, para o espelho no roupeiro. agora fiquei a pensar nas milhentas coisas que passam pela cabeça da mulher, e de como sendo mulher, todas essas milhentas coisas se transformam em outras tantas. porque eu, eu não sei como é.
Arquivo do extinto blogue Esferovite- a vida em pedaços (13-08-2003/ 4-01-2006)
segunda-feira, maio 30, 2005
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2 comentários:
Olhamos para o nosso corpo como os homens olham.
E achas que nós não pensamos o inverso, sermos mais práticas ou decididas, a andar mais ainda expostas ao sol ou com outras partes do corpo a balançar?
Fazemos, homens e mulheres, esse exercício, sempre. Ser você, ou eu, já é por si só uma raridade. Somos únicos. Mas como seria ser Patrícia, Michel, Camila, Luís? Como seria eu mesma se tivesse escolhido outra vida para viver?
Como seria se...
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