t'es morte, toi? a sala de cinema estava escura e o filme era a preto e branco. cá fora estava um vento muito quente e eu pensava em cowboys, em pó do deserto. t'es morte, toi? mas de que filme é que eu tirei isto, pergunto-me ainda. a sala estava escura, o filme a preto e branco, entrei sem olhar os cartazes. pedi um bilhete para a sala um, a sala um, paguei e entrei. o filme era a preto e branco. os rapazes e as raparigas falavam francês.
et après, havia intervalo. algumas pessoas a sair, outras sentadas a olhar a tela em branco só. tudo em volta a cores. uma cortina de veludo, avermelhada, camisolas de todas as cores. alguém atrás de mim fala em primavera. eu saio para o intervalo, lá fora. acendo um cigarro como fazem os rapazes do filme. olho perdido a parede do lado de lá do hall. entre mim e a parede, rapazes e raparigas. finjo que sou do filme. e eles fingem que estão no intervalo.
segunda parte. martine s'en allait, par la gare, et didier a resté en lisant le journal, il était presque minuit quand il est retourné chez lui. acho que choro devagarinho, faço assim de mim nos filmes. mas o didier é crescido e tem um casaco. sinto o maço de cigarros no bolso quando o meu coração bate mais forte. há quem saia antes do filme acabar. pela hora imagino que terei que ir a pé para casa. nesta cidade, os autocarros morrem cedo.
Arquivo do extinto blogue Esferovite- a vida em pedaços (13-08-2003/ 4-01-2006)
terça-feira, maio 31, 2005
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