dizem que acontece todos os dias, conhecer-se pessoas por aí. eu danço como se estivesse num cabaré parisiense, num sapateado lento. dizem que acontece todos os dias, descobrir uma página na net, entornar um café em cima de um desconhecido, partilhar um elevador. agora é tudo fácil. as pessoas podem dizer que sim aos pedidos de outras ou sorrir numa sala cheia de gente sem que isso seja especialmente notado por aqueles a quem não destinamos as nossas graças. os telemóveis, os e-mails, seja o que for.
dizem que acontece todos os dias, encontrar quem nos queira bem. eu canto à chuva, no terraço que sobra das janelas da vizinhança. dizem que acontece todos os dias, alguém deixar passar à frente na fila do supermercado, um sorriso do lado de fora de uma montra, uma mão mais carinhosa do empregado do restaurante. agora já não se leva a mal. as pessoas estão sorridentes porque é primavera, porque o governo não nos chateia, porque a nossa equipa ganha os jogos de futebol.
dizem que acontece todos os dias, falar com a pessoa que há tanto queremos falar. afinal eu estou aqui, tenho o meu contacto à mostra, podem ligar. dizem que acontece todos os dias, uma carta no correio vinda de longe cheia de coisas que nos sabem bem. eu escrevo palavras e palavras que me esqueço como se ligam e elas acabam dentro de cadernos à distância, debaixo de livros de ruy belo. agora podemos fazer tudo o que nos apetecer. os pássaros voam lá em cima e eu sigo a pé, pelo meu caminho. a sorrir.
Arquivo do extinto blogue Esferovite- a vida em pedaços (13-08-2003/ 4-01-2006)
terça-feira, maio 17, 2005
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2 comentários:
Querido,
é o que falamos sobre caminhar; estamos pelo mundo, inquietos.
Tudo podemos, mas às vezes com tantas facilidades para nos expressar, é quando menos falamos.
Mas o mundo não para, as coisas realmente acontecem, queiramos ou não. Então é melhor queremos enquanto pudermos fazer escolhas.
Beijos
Alê
(um sorriso) *
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