imagino o que seria, a nossa casa. a luta pelas paredes em que um ia querer colocar quadros de tipos e tipas que só fazem riscos, o outro a colocar desenhos monumentais de águias imperiais. imagino o que seria, um canto só com artefactos futebolísticos, em que o verde e o vermelho lutavam por se destacar. imagino a cozinha um pouco desleixada, sem folhos nas janelas e sempre com um pão duro sobre a mesa.
seria até estranho dizer a nossa casa. tu ias deixar de trazer alguns dos teus amigos idiotas porque eu não gosto dele, eu ia evitar ler poesia em voz alta, para não te chatear. seria esse o nosso contracto para termos um lar feliz. a minha mãe ia adorar e a tua mãe não poderia saber. a maior parte das pessoas não iria estranhar, porque sempre nos viu juntos. o monte de idiotas com quem bebemos uns copos iam ficar parvos. e depois continuar a beber.
íamos fazer passeios de sábado à tarde, de carro, a dizer as mesmas parvoíces que dizemos agora. tu ias insistir em adoptar um tipo qualquer grande e chorão, que ia aparecer cá em casa de vez em quando para dizer baboseiras e ver o ciclismo na tv cabo. eu fazia o jantar e tu aspiravas a sala. eu lavava a loiça e tu depois arrumava-la no armário. cada um com o seu quarto, para não ter que ouvir o outro a ressonar. e os vizinhos a perguntar, mas eles são um casalinho?
Arquivo do extinto blogue Esferovite- a vida em pedaços (13-08-2003/ 4-01-2006)
terça-feira, maio 31, 2005
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1 comentário:
Quando a felicidade habita o resto são tretas...=)...bj*
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