os trabalhadores têm medo. estão todos juntos, à porta da fábrica. lá dentro, as máquinas paradas, alguns trabalhos deixados a meio, por fazer. os trabalhadores têm medo. primeiro não ouviam o que lhes dizia o sindicato, agora não compreendem. têm medo. à porta da fábrica, com cartazes feitos na sede do sindicato, distribuídos de dentro de um renault 4L que só conhece o caminho da sede para a fábrica e da fábrica para a sede do sindicato.
a polícia vai fechar as ruas em volta da fábrica. adivinham-se confrontos, tensões. algures do outro lado da cidade, grupos de pessoas preparam-se para atacar os trabalhadores. não existem razões aparentes. quando éramos um país de brandos costumes podiamos ficar todos em casa, a dormir a sesta. agora organizam-se grupos. a polícia vai fechar a rua. os trabalhadores têm medo de perder o emprego. não têm medo das pessoas.
o patrão vai embora para o estrangeiro. são os jornais que o dizem. recebeu outras propostas, está mal visto por aqui. não gostam dele. o advogado dele fala na televisão. diz que ele não quer fugir. que é boa pessoa. que passou de bestial a besta. que nada disto o afecta. que existem convites, sim. mas nada mais. que é só uma coisa de gastar tinta, esses malditos jornais. o patrão vai embora para o estrangeiro, percebe-se bem. mas quer sair em grande.
Arquivo do extinto blogue Esferovite- a vida em pedaços (13-08-2003/ 4-01-2006)
sexta-feira, maio 20, 2005
Subscrever:
Enviar feedback (Atom)
Arquivo do blogue
-
▼
2005
(461)
-
▼
maio
(68)
- filme francês
- casalinho
- eu não sei como é
- Um editorial recusado que se salvou do lixo
- férias de mim
- trata-me por senhor
- de repente, eu
- os poemas estão escritos em francês
- talvez uma crónica de domingo
- oriente-se a oriente
- para saberes da minha verdade
- visionária
- a zanga do poeta que tem razão
- encontro
- voz
- triste américa
- surdez
- cama
- copos
- guilhotina
- gesso
- remistura
- pensamento da noite
- 00:00
- frases
- lisboa
- previsão do tempo
- anotações sobre o real dos meus olhos
- rinite alérgica
- ofício de escrita
- no começo era o verbo
- fala comigo
- a pior parte de um coração partido
- encontro virtual
- nava-lha
- teoria da repetição
- vou deixar de fazer perguntas retóricas
- a catorze de maio
- Carta a Inês de Castro
- a treze de maio
- [ a casa das mil portas ]
- quantas vezes
- marcas
- nórdico deprimido
- a aprender como se faz
- dedos
- asas cortadas voam melhor
- o espaço em volta
- a vida devia ser como no championship manager
- miopia
- ir dormir contente
- introdução a "auto-perfil"
- amor
- problemas de segurança
- era depois da morte
- balcão
- calor
- [o título que tu quiseres]
- da verdade e da mentira em L.F.C.
- exercício sobre a solidão
- simulação
- teoria da literatura - III
- de ganga...
- e um dia pensei
- wine
- escreve
- será que alguém me ouve?
- mesmo assim
-
▼
maio
(68)
Sem comentários:
Enviar um comentário