é uma imagem amarelecida, quase queimada pelo sol. outras vezes é demasiado clara. desconfio que se eu fosse até lá, as coisas tivessem exactamente as cores que têm por cá. será um problema de sistemas de televisão, acho eu. é uma imagem assim, queimada, estão pessoas sentadas à porta de casas, à espera que o tempo passe. acho que o tempo lá passa muito devagar.
nunca fui lá, mas fico assim a olhar as imagens que chegam. as pessoas que esperam que o tempo passe, como se em certos casos fosse possível que o tempo trouxesse algo de bom. muitas vezes as notícias são tristes. existem homens que estão perdidos, ali. bebem demais, magoam demais, gritam demais. existem homens que ainda têm idade de crianças. crianças que fazem exactamente o mesmo que os homens.
as mães esperam sentadas, nas portas das casas. os filhos, as filhas, deixaram-nos ir, para a escola, para o centro da cidade, uns para os outros. não sabem ao certo quantos deles vão voltar. porque há quem se fira, há quem se mate. as mães esperam sentadas e eu vejo-as nas imagens amarelecidas. se eu fosse até lá, talvez me sentasse também, como se fosse possível que o tempo trouxesse algo de bom. muitas vezes, só nos resta mesmo esperar.
Arquivo do extinto blogue Esferovite- a vida em pedaços (13-08-2003/ 4-01-2006)
segunda-feira, maio 23, 2005
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