não há como ter vinte anos e poder dizer "a minha posteridade sou eu mesma". fumar cigarros atrás de cigarros e ter um amor em cada rapaz que se conhece. não há como ter vinte anos e querer ler "a náusea". e depois fumar cigarros e cigarros e pôr um disco do zeca baleiro enquanto se pensa em fazer amor com o cantor.
não há como ter sonhos e a certeza deles serem a nossa futura desilusão. não há como marcar encontros com desconhecidos e faltar para ficar em casa a dormir. não há como fumar cigarros e cigarros enquanto se come chocolate a noite inteira. e na manhã seguinte acordar deprimida por se estar a engordar. não há como ter vinte anos e poder dizer "a minha posteridade sou eu mesma".
não há como ter vinte anos e achar-se chato a possibilidade de numa vida futura se nascer árvore. não há como viver segundo as leis da vida do orkut. não há como se poder sentir bonita mesmo quando se tem cara de actriz dos anos cinquenta. não há como fazer todas as juras de amor, mas só a pessoas que não amamos realmente. não há como não conseguir parar de responder. só para ter alguém a quem falar.
(o texto "F.Lopez entrevista F.Lopez" está em www.novatabacaria.blogger.com.br )
Arquivo do extinto blogue Esferovite- a vida em pedaços (13-08-2003/ 4-01-2006)
sábado, maio 07, 2005
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2 comentários:
Não há nada como um texto optimista num fim de dia ultracansativo.
Gostei muito. Beijo.
Incrível: pegaste uma banalidade que escrevi e fizeste um texto estupendo. Te amo!
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