não te podendo ouvir a dizer isso aqui ao meu lado, leio-te nos jornais, nas páginas dos livros, uma qualquer cena de compensação da ausência, qualquer coisa que poderão dizer no futuro, não procurava as mulheres, abastecia-se de sensualidade nas páginas dos livros, era um tipo fechado. não te podendo ouvir a dizer isso aqui ao meu lado, leio-te.
folheio os livros, à procura de qualquer coisa que me apareça assim aos olhos, assim como os teus versos, "quando eu pedir me bata", assim como os teus olhos, que eu não conheço mas imagino, que eu não mereço mas mesmo assim não esqueço, e no futuro poderão dizer qualquer coisa como, era um tipo solitário, muitas vezes encontrava-se num café a beber, sem que nada de interesse se passasse.
mas isso são as coisas que as pessoas do futuro pensam, das pessoas que não sabem vêem. estão cegas, talvez. tu mesma, "não quero dizer nada disso mas vão dizer que eu disse". mesmo a mim, ainda me sorriem e pedem coisas que eu não sei do que estão a falar. as pessoas estão fracas, frágeis nos seus pedestais demasiado baixinhos. eu estou amargo, eu sei, mas não te podendo ouvir dizer ao meu ouvido as coisas que tu poderias dizer, fico assim, a sensualizar nos livros.
*citações da poeta Ana Elisa Ribeiro.
Arquivo do extinto blogue Esferovite- a vida em pedaços (13-08-2003/ 4-01-2006)
domingo, maio 22, 2005
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