estamos há demasiado tempo em casa, demasiado tempo acordados pela noite fora. estamos há demasiado tempo preocupados com todo o mal que nos vai acontecer, demasiado tempo com medo de sair do casulo que criámos para nos proteger. estamos há demasiado tempo a ver filmes, demasiado tempo com a televisão ligada. estamos há demasiado tempo perdidos nos nossos labirintos. estamos há demasiado tempo sozinhos.
já não sabemos como se faz amor com alguém, não sabemos sequer como se diz amor a alguém. já não sabemos como se sai à rua e se respira fundo a brisa que vem do mar, não sabemos sequer que o mar, existindo, pode ser olhado por dois, de mãos dadas. já não sabemos ouvir uma voz ensonada a meio da noite, não sabemos sequer o que é puxarem-nos o lençol do outro lado da cama. já não sabemos como se sai daqui. já não sabemos deixar de estar sozinhos.
estamos há demasiado tempo a pensar no tempo que falta para estarmos ainda demasiado tempo assim. já não sabemos o que se deveria fazer e continuamos sem saber sequer como se tenta. estamos há demasiado tempo presos nas teias de aranha de deixamos que crescessem em volta dos nossos punhos. já não sabemos como podia ser fácil só um movimento, só um ligeiro querer. estamos há demasiado tempo, já nem sabemos como, sozinhos.
Arquivo do extinto blogue Esferovite- a vida em pedaços (13-08-2003/ 4-01-2006)
quarta-feira, maio 04, 2005
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