esta é uma mesa, uma mesa redonda. podíamos jogar as cartas, mas não sobra espaço, por causa dos copos, do cinzeiro, dos pratos com tremoços e amendoins. Um de nós gosta de misturar tremoços e amendoins na boca. outro explica que no estrangeiro não se mistura a comida. é verdade. em itália servem-nos tudo à vez. alface, massa, bife, banana. esta é uma mesa, uma mesa redonda. porque na televisão não dá nada de jeito, diz um de nós. outro explica que tendo tv cabo e comprando a revista da programação, podemos só ligar a tv quando está a dar algo de realmente interessante. só dão coisas boas na televisão.
esta é uma mesa, uma mesa de um bar. há outros bares, noutros lugares, onde acontecem concertos e teatros. mas não são bares, são associações de voluntários culturais. um de nós diz que os professores não devem cobrar dinheiro pelas palestras que fazem porque já recebem um ordenado. outro explica que podíamos fazer o mesmo com o canalizador, convidando-o para vir a nossa casa, apertar uma torneira, e no final dar-lhe uma palmada nas costas no lugar de pagar. Há qualquer coisa que falha, neste sistema. a mim chateiam-me textos onde se leia a palavra capitalismo.
esta é uma mesa, uma mesa de homens casados, todos eles abandonados pelas esposas. um pensa sossegadamente no divórcio, outro fugiu do porto para poder beber uns copos em paz. explica-me que todas as peças musicais que escreve são sobre mulheres nuas. discute-se a dificuldade de se fazer música erótica. só funciona por associação. outro explica que a mulher, que hoje foi ficar fora, deixou um pacote de manteiga rançosa em cima da mesa, mas que ainda sobra presunto. a mulher conta-lhe, aos finais de tarde, as histórias de amor que acontecem no escritório. outro ainda interessa-se. eu prefiro os morangos com açucar. estou solteiro.
Arquivo do extinto blogue Esferovite- a vida em pedaços (13-08-2003/ 4-01-2006)
sábado, maio 21, 2005
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1 comentário:
como diria uma amiga minha: «só conversas.. e como este "só" mente» ;)
beijinho*
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