e um dia pensei, já não existem lugares assim, onde a verdura refresca o corpo como um todo, onde nos sentimos só um, de tão pequenos. e um dia pensei, já não existe esta fragilidade sincera de se poder chegar e sentar na cadeira de um alprende desconhecido, a desfiar palavras pelo chão que range no mesmo ritmo que a cadeira. e um dia pensei, agora vou deixar de pensar e aprender a respirar. ah, e ser o mágico dos sonhos de todas as raparigas.
e um dia pensei, posso pegar-te com as minhas mãos, mas elas tremem, como faço para me esquecer que tenho medo? e um dia pensei, já nunca mais tu, nem nunca mais eu, nem nunca mais nada daquilo que a nossa imaginação sonha quando temos a separar-nos a saudável fronteira da distância e assim, sozinhos, nos amamos como perdidos. e um dia eu pensei, vou escrever-te uma carta de amor. e depois ser o rei de um coração com asas.
e um dia pensei, se eu sair de casa a meio da madrugada e for tocar à tua porta, tu recebes-me com um beijo? e um dia pensei, tantos carros que passam debaixo da janela de um prédio, tantas cores claras nas paredes e o fumo que as vai tingindo, o fumo da cidade, se eu passar mesmo ao teu lado, ou do outro lado da rua, será que tu me vês, com todo este fumo nos teus olhos. e um dia pensei, inevitavelmente vamos ter que morrer. e dar uma gargalhada para a sorte.
Arquivo do extinto blogue Esferovite- a vida em pedaços (13-08-2003/ 4-01-2006)
terça-feira, maio 03, 2005
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1 comentário:
quem não pensou?
by the way, o nevoeiro q nos cobre um dia acabará por ir embora e aí tudo será mais nítido..
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