é um prédio grande, muito grande, daqueles a que se sobe por muitas escadas até chegar ao último andar, daqueles que quando se chega ao último andar servem para ver como são feios os telhados dos outros prédios, como há antenas por todo o lado e como inventaram o mar para se pôr ao fundo, com riscos azuis e verdes e brancos, sempre em desalinho, pelo horizonte fora.
é um prédio grande, muito grande, daqueles onde nem se consegue chegar ao topo pelas escadas, há que usar o elevador, e lá em cima espreita-se pela janela, e há pessoas muito pequeninas em baixo, há carros muito pequeninos em baixo, há até casas pequeninas em baixo e, ao fundo, o mar, um mar que inventaram porque não era para ser assim, era para ser de outra cor, de outro cheiro, o mar.
é um prédio grande, muito grande, daqueles que, pensando bem, nem sequer existem, porque é impossível olhar para telhados feios e sobreviver, é impossível perceber as antenas, porque não existem pessoas pequeninas, nem carros pequeninos, nem casas pequeninas, porque, acima de tudo porque, não existe o mar, o mar que inventaram, não era para ser assim, não era para parecer assim, nada, o mar.
Arquivo do extinto blogue Esferovite- a vida em pedaços (13-08-2003/ 4-01-2006)
segunda-feira, maio 09, 2005
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1 comentário:
e nao é so o mar k nao era para ser assim...pelo k vejo tudo o resto tambem foi feito fora da medida...
Catarina Taborda
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