ainda vamos ficar sentados de costas nas costas do outro, a pensar nas horas que vão passando por cima e por baixo de nós, a fazer cócegas em todas as partes dos nossos corpos, ainda vamos ficar assim, a contar nêsperas de uma árvores e a ver as nossas camisas claras a ficar manchadas pelos frutos que caem quando os pássaros os bicam. ainda vamos, e talvez mesmo já.
ainda vamos escrever histórias sentados à mesma mesa e acabar por inserir pedaços de texto nos trabalhos do outro, porque as folhas acabam por se misturar ou porque o sono ou as ideias tontas nos vão ganhar à razão muitas vezes. ainda vamos ficar assim a rir, quando os nosso livros estiverem publicados e em prateleiras diferentes de uma livraria. também já não falta muito.
ainda vamos sair de casa a meio da tarde para dar um passeio pelas aldeias em volta, de carro, muito devagarinho, janelas abertas a sentir o vento e as moscas a entrar, e depois tu a fechares a janela e a dizeres, vou a pé, malditas moscas. ainda vamos acabar a parar numa tasca velha para beber um vinho e acalmar a respiração. ou então, podemos começar agora.
Arquivo do extinto blogue Esferovite- a vida em pedaços (13-08-2003/ 4-01-2006)
terça-feira, maio 10, 2005
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2 comentários:
será? ;)*
Sentes as tuas costas nas minhas costas? As horas a passar por cima e por baixo de nós? As cócegas em todas as partes do nosso corpo?
A isto também chamam felicidade.
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