haverá uma frase em francês que explica isto muito melhor do que eu e, mesmo assim, eu estou aqui sentado a colar os dedos no teclado do computador e a olhar humidamente para o ecrã. haverá uma frase em italiano, uma frase em espanhol, uma frase em alemão. provavelmente, uma frase em português. algumas centenas de pessoas repetem, neste preciso momento, as mesmas coisas que eu tento dizer aqui, calado e sozinho. mesmo assim.
se eu tivesse 16 anos podia pensar, estou triste e escrevo, quando estou triste, estou inspirado, se eu ficar sempre triste, cada vez mais triste, vou acabar por escrever melhor, cada vez melhor. quando eu digo que estou sozinho, as pessoas dizem que os escritores são assim, que ficam sozinhos, e têm vidas solitárias e fecham-se para o mundo e falam de uma maneira que ninguém percebe e não são bons homens de família. no entanto, esta tarde fui ao futebol e chamei nomes ao árbito.
enquanto estou aqui, nesta vontade imensa de nunca mais escrever, frases e frases em diversas línguas passam pela minha cabeça, assim como na roda da sorte, eu à espera da frase que me calha, para explicar isto. por entre a roda, invenções burocráticas e declarações de amor sem destinatária convivem alegremente com chávenas de chá. algumas centenas de pessoas fingem divertir-se enquanto eu estou aqui a fingir-me vivo. havemos todos de nos encontrar. mesmo assim.
Arquivo do extinto blogue Esferovite- a vida em pedaços (13-08-2003/ 4-01-2006)
domingo, maio 01, 2005
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1 comentário:
"algumas centenas de pessoas fingem divertir-se enquanto eu estou aqui a fingir-me vivo."...=)...piu belle
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