telefona-me quando estiveres pronta, eu fico aqui sentado o olhar o mar da tua varanda. podes demorar o tempo que quiseres, esta casa é-me estranha, esta paisagem, este cheiro, agrada-me todo o tempo que passo sozinho a olhar, a estudar, a guardar para mim. telefona-me quando estiveres pronta, diz-me onde queres que te encontre, e depois deixa-me ir sozinho à tua procura, pode ser que eu me perca, eu gosto tanto de me encontrar.
dá-me duas ou três indicações, não tens que ser muito precisa, não tens que detalhar o que seja, basta que me dês duas ou três indicações, eu depois lá chego, eu depois lá vou, mais tarde ou mais cedo hei-de te encontrar, depois de me perder e de me encontrar também. eu gosto de ficar aqui a olhar este mar, este mar que tu tens na varanda, e enquanto olho passo as mãos pela cabeça peluda deste cão filósofo que tu deixaste a guardar-me a mim e à casa.
telefona-me quando estiveres pronta, pode ser quando tu quiseres, eu gosto desta solidão pensada, destes momentos em que se fica sem nada para fazer, porque assim consigo parar, pensar, fazer qualquer coisa, assim consigo ter ideias, contar palavras e ver a paisagem, sentir o cheiro deste mar, os pelos deste cão filósofo que se deixa adormecer. telefona-me quando estiveres pronta e depois começamos tudo de novo, exactamente como se deve sempre fazer.
Arquivo do extinto blogue Esferovite- a vida em pedaços (13-08-2003/ 4-01-2006)
terça-feira, maio 24, 2005
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3 comentários:
estes telefonemas fizeram-me recordar algo que te dei a ler um dia. o acaso faz do inesperado um encontro de fantasias... que por vezes não passa mesmo de um desencontro de ideias. um beijo
..e no final atiras a carta ao mar dentro de uma garrafa verde.. ;)
beijinho*
ps.detesto mapas :p
Tens o condão de me fazer sentir bem ao ler-te. Talvez porque me cabem essas palavras tão bem no colo. Porque as poderia ter escrito eu, se escrevesse como tu. Ando ausente... a recarregar energias... mas gosto de aqui vir e ler imensos textos teus de seguida.. Saio melhor. Beijo enorme.
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