ai o que me custa ser misterioso, ser capaz de dizer as coisas só pela metade, para que a outra pessoa fique ansiosa ou curiosa por algo que eu lhe ando a preparar. ai o que me custa dizer, logo vês, ai o que me custa dizer, temos tempo, eu que ando sempre a correr para todo o lado, a querer dizer todas as coisas, ai o que me custa, ai o que me custa.
porque todos me dizem, é mesmo assim, porque todos me dizem, faz as coisas com calma, porque todos me dizem, um bocadinho de mistério é sempre bom, porque todos me dizem, pois, mas o que me dizem a mim é como o que eu digo aos outros, bom de pensar, difícil de seguir. por isso, tu não sabes, tu, que ficas curiosa, não sabes, mas ai, ai o que me custa ser misterioso.
ai o que me custa ser misterioso, quando a minha vontade era telefonar, voar, gritar, as coisas boas todas que tenho para te dizer, mas não, digo, temos tempo, tenho calma, ai o que me custa, por poucas palavras numa sms, calar a boca de uma maneira que até o corpo convulsa, ai o que me custa, sabes, o que me custa, dizer as coisas assim, num prato pequeno, quando tenho o mundo todo para voar.
Arquivo do extinto blogue Esferovite- a vida em pedaços (13-08-2003/ 4-01-2006)
terça-feira, maio 10, 2005
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3 comentários:
tão bonito que é o que tanto te custa. ternura.
Rita
=) dont't worry about a thing.. o maior mistério talvez seja mesmo voar ;) *
Também se pode ser misterioso dizendo as coisas por inteiro.
Ou inventando/criando ficções... Um dos maiores mistérios para os leitores é saber se o que lê é "verdadeiro" ou simplesmente criado.
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