três pedras no meio do caminho, seis olhares descabidos pela janela da varanda: era assim que começava a minha tarde, o meu refúgio. tinha um casaco de cabedal, comprido, tinha a barba por fazer, uns óculos grandes e escuros. tinha o hábito de ficar a conversar à porta, com pessoas que passavam. três pedras no meio do caminho, uma loja onde me encontrei.
entretanto, ligaram a música - fica bem uma banda sonora nestes pequenos contos sem jeito. comprei um livro antigo, sentei-me num banco de pedra, na praça, folheei algumas páginas. queria saber as horas, queria deitar-me à sombra, queria abotoar o casaco. três pedras, no meio do caminho: era assim que começava o poema, a minha tarde.
os meus dedos sobre a mesa, a matraquear um ritmo ouvido de um instrumento que eu nem sequer reconheci. era assim que começava: três pedras, no meio do caminho, os meus pés sou eu, onde não tenho como seguir. o livro, ou a tarde, o meu refúgio. os meus dedos, uma vez mais - quantas vezes o meu corpo espalhado por este texto? uma banda sonora, sem jeito.
Arquivo do extinto blogue Esferovite- a vida em pedaços (13-08-2003/ 4-01-2006)
domingo, novembro 06, 2005
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