passo a minha mão pela barba e vejo que, ao longe, há qualquer coisa de gélido e disforme que acabará por me tocar. ou isso, ou uma névoa intensa chegada com os dias de novembro à cidade. julgava ser marinheiro e chegar a cada porto com os pés a navegar sobre um chão cheio de beatas. a minha mão pela barba.
passo a minha mão pelos olhos, não sei bem que horas são, deve ser tarde, já. vesti um casaco mais quente, puxei uma manta para as costas e acendi um cigarro. olho, ao longe. o que vejo são as formas de um futuro inadiável, um corpo de mulher que me sorri, envergonhada. passo a minha pelos olhos, quero ver melhor.
passo a minha mão pela barba, o cigarro vai-se queimando aos poucos, mesmo que eu nada faça para incentivar esse lume brando da vida. estico as pernas e olho as minhas botas com sabor a sal. julgava ser marinheiro e era como marinheiro que me vestia, sem saber tudo o quanto pode estar escondido nas imagens fotográficas. o que eu via, não era o que eu via. a mão, a barba.
Arquivo do extinto blogue Esferovite- a vida em pedaços (13-08-2003/ 4-01-2006)
sexta-feira, novembro 11, 2005
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