porque eu sou, em concreto, uma arrumação mal pensada dos teus gestos, um copo deixado vazio sobre a mesa, no final do teu jantar - eu sou, inconsequentemente, uma ligeira coceira na orelha, uma recordação que cai do meio de um livro abandonado a meio, uma mão da qual já não se conhece as linhas nem o toque.
porque eu sou, acima de tudo, a falta de jeito ao abordar um abraço, a inquietação pela noite espalhada, o acordar vago e constipado, a palavra sem qualquer ligação ao real - eu sou, abrangentemente, a dúvida que se leva na lapela, os olhos chorosos que querem agarrar o céu, o frigorífico aberto na noite escura.
porque eu sou, ainda e uma vez mais, quem preferiste sempre esquecer perante o medo de te lembrares, a ilusão irrequieta das alucinações que endurecem o teu corpo, a memória que resiste ao que julgas ser a tua vontade - eu sou quem tu nunca poderias esquecer, quem tu nunca largarias na vida, ao menos se.
Arquivo do extinto blogue Esferovite- a vida em pedaços (13-08-2003/ 4-01-2006)
quarta-feira, novembro 09, 2005
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