não gosto de me ver no espelho da casa de banho esta manhã. vesti uma camisola que veio de ontem, não tomei banho. não gosto de me ver. tenho os olhos semi-cerrados, o sorriso desfeito pelo sono e pelos comprimidos. vou à casa de banho para urinar, lavar os dentes. olho-me ao espelho, não consigo evitar. não gosto.
por cima da camisola, que se torna assim interior, visto uma camisa verde escura. com os botões abertos parece que sou um militar, em tempo de guerra. a barba a crescer, pelo escuro atrás de pelo escuro, uns pequenos raspões sem nada, cicatrizes de pequenas bombas faciais. parece que sou. eu pareço sempre que sou. não sou nada. não gosto.
apago a luz e ando pela casa. há mais espelhos cá em casa, perante os quais eu não consigo fechar os olhos. ando pela casa e vejo-me, no espelho, na parede. o formato da cabeça demasiadamente explícito, o passo quebrado, os olhos que não abrem, vermelhos, cansados. e sou eu, o mesmo eu das fotografias, aqui e ali, confiante. não gosto.
Arquivo do extinto blogue Esferovite- a vida em pedaços (13-08-2003/ 4-01-2006)
domingo, novembro 13, 2005
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