Arquivo do extinto blogue Esferovite- a vida em pedaços (13-08-2003/ 4-01-2006)

terça-feira, novembro 22, 2005

telefone fax

o que eu tenho é esta fome de romper os dias abertos pelas chuvas fortes.

disse-te isto como um rasgão, eu sei, quase que gritei quando eu nunca grito e, depois, apareceram algumas lágrimas pela face, uns quantos objectos por tricotar nas paredes, a ruína de toda uma história de amor por começar. o que eu tenho é esta fome, e já tu estavas a sair pela porta.

o que eu tenho é esta urgência de fazer correr todo o vendaval à nossa volta.

podias ser mais meiguinho, pedes tu a um canto, não sei quantos dias depois, podias ser, e eu sorrio, tudo o que eu sou é isso, essa histeria de não poder ficar calado, as minhas mãos tão fortes a lançarem-se pela cara de alguém dentro, podias ser menos dessa fome, eu podia ser menos de tudo e mais de tudo, o que importaria, de qualquer maneira?

o que eu tenho é o que eu não tenho é o que eu tenho é o que eu não tenho.

agora senta-te e lê, uma última vez, o meu livro de poemas e tenta perceber que há qualquer coisa que não funciona cá dentro. agora tenta ouvir aquilo que eu digo por detrás daquilo que eu digo e depois vai. o que eu tenho é esta necessidade de ter, o que te falta é a tua necessidade de seres tida. e nada mais.

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