a cama aberta uma vez mais, descoberto o corpo quente da noite, cai uma carga de água e gelo sobre o telhado e eu cá dentro, da casa e de mim, um lenço sobre os olhos chorosos, a mão na testa que quase ferve. a cama aberta, eu, e estar sozinho neste dia assim, um lenço que se molha a cada minuto, depois largado pelo chão.
a cama aberta, a boca desligada, deixei a cabeça algures num dia onde eu não estou. não vale a pena o que possas dizer, não há proximidade que chegue ao meu abraço. puxo então a manta para os meus ombros e oiço no rádio, baixinho, a professora Berardinelli a falar vivaz de literatura. lembro-me de ela me falar de um poema. os olhos vermelhos.
a cama aberta, a boca sem nada para dizer. o frio todo lá fora e todo cá dentro. num espaço intermédio pouco ou nada resta para dizer. páro: a palavra dizer repetida. duas vezes. volto acima, talvez alguma vez mais. sim, ali. três. a cama aberta e eu, as mãos debaixo da manta. oiço. lembro-me de ela me falar de um poema, de como o lia. mas agora, pouco interessa.
Arquivo do extinto blogue Esferovite- a vida em pedaços (13-08-2003/ 4-01-2006)
domingo, novembro 27, 2005
Subscrever:
Enviar feedback (Atom)
Arquivo do blogue
-
▼
2005
(461)
-
▼
novembro
(37)
- revisão
- 3
- Lançamento do livro "Registo de Nascimento" - Fotos
- rasganço
- espelho meu
- escritor
- little boys
- final da tarde
- Os 5 romances
- guarda-roupa
- morning glory
- posso pagar com cartão?
- telefone fax
- dos cadernos- página 63
- dos cadernos - página 117
- técnicas de diversão
- welcome to your claim to fame
- 31
- qual é o teu nome?
- je suis un homme
- espelho
- processo
- constatação
- registo de nascimento
- marinheiro
- malavita
- mais algumas coisas sem sentido
- antes do silêncio
- A8
- L.
- where is my mind?
- dedicado, em itálico
- pintura
- lista de compras
- oração
- histórias de amor
- cores - um
-
▼
novembro
(37)
Sem comentários:
Enviar um comentário