fiquei com os dedos sujos de terra. em dia de chuva, a terra e a água a escorregar-me pelas palmas, as linhas da vida e do coração acastanhadas, a cabeça que estala. fiquei com os dedos sujos de terra, levantei os joelhos do chão, tentei alisar as calças, o casaco. sou um homem sério, sou?
os meus olhos abertos fechados, a minha boca, os meus lábios secos. chuva, chove. fiquei com os dedos sujos de terra, as calças. saí pelo portão grande e metalizado. parece que ouvia alguém do lado de fora da porta, passos. parece que ouvia alguém a dizer qualquer coisa, palavras. sou um homem sério, sou?
chove. sou eu quem anda para trás e para a frente, a dizer. os dedos sujos pelo casaco, pelas calças. tentei alisá-los, a terra. saí pelo portão, logo depois de ter espreitado. ninguém, ninguém do lado de fora. mas havia passos, palavras. quem? parece que alguém, alguma vez. sou um homem sério, serei?
Arquivo do extinto blogue Esferovite- a vida em pedaços (13-08-2003/ 4-01-2006)
domingo, novembro 13, 2005
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