mas nunca, nunca uses palavras destas aqui, assim deitadas, ao sol e aos beijos como quem não chega nunca a ver o que há para encontrar na vida. nunca nunca uses estas palavras, aqui.
retoma entretanto o vago sabor dos dias e apresenta-te, bem vestido, de barba feita, a quem de direito, no tribunal. depois, arma uma grande confusão, grita e deixa-te cair no chão frio do palácio da justiça, espera, calmamente, que um polícia te venha buscar.
porque não maneira de não repararem que as coisas não fazem nenhum sentido nesta maneira como tu as dizes, não há maneira de se revoltarem e fechar o livro, com a força de uma decisão tomada, má literatura é que não.
fala bem às pessoas que passam e assume para ti o papel de quem chega sempre a horas certas aos encontros marcados. dá, ainda, um piscar de olho às meninas da rua e apresenta-lhes as tuas sinceras vontades de as fazer felizes e contentes por quanto dias elas te possam aguentar.
porque tu és como a gripe - entras em casa, pegas-te a toda a gente e depois só com algum sofrimento é que desapareces. tu és como a vontade não desejada de estar sentado na mesa da sala - sim, na mesa da sala, um cu em cima do tampo, não é um erro, é uma opção.
e não tentes, sobretudo não tentes, contrariar a mania da perseguição que te persegue constantemente. e não queiras, sobretudo não queiras, que apareça alguém a dizer-te bom rapaz, palmadinhas nas costas, aqui vou eu para muito longe, que esta terra não presta para nada.
e no final da história, que, pelos vistos, não tem nenhum fim capaz de merecer três letrinhas destas, voltas ao início, como quem não quer da coisa e dizes, dizes outra vez a mesma treta.
diz-me duas ou três coisinhas ao ouvido.
-----fim de ligação----
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