fico parado em frente à pintura - rios de sangue dentro de mim a manter-me de pé, experimentar puxar de um músculo, desfazer-me de dois ou três ossos, passar a cair sempre incapaz. funciona como uma fantasia, não é, a incapacidade. algures no meu texto ficariam bem algumas reticências. mas, com o tempo, fui eu que acabei por ficar reticente.
fico parado - a pintura- algo que cresce dentro dos meus olhos, só dentro dos meus olhos; passa alguém ao meu lado sem sequer olhar para a parede onde ficou encostada. pressinto qualquer coisa que se mexe dentro do quadro - sem ser a figura humana apanhada a meio da queda, sem ser as nuvens que parecem sombras ao fundo. algo se mexe, e eu acho que é a tua mão, a segurar o pincel.
fico parado em frente à pintura - fazer de conta que não existem palavras capazes de descrever objectos como esta pintura em frente à qual estou parado. fico, sim, mesmo que se esteja sempre a ir a qualquer lugar quando se olha. consulto o manual de filosofia e perco-me nas definições do mundo - se o mundo pudesse ser definido porque estaria eu ainda aqui, a sorrir para a fotografia? com o tempo, a tua mão, que se mexe, reticente.
Arquivo do extinto blogue Esferovite- a vida em pedaços (13-08-2003/ 4-01-2006)
sábado, novembro 05, 2005
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