toda a minha obra uma intensa relação de histórias de amor que acabam mal. sentencio-me assim, fico calado. e depois toda a explosão do amor em cada canto do meu corpo. [pausa]
(certas coisas precisam de um certo tempo depois de serem ditas, como se acentasse/acentuasse o cabimento de cada palavra na desordem dos nossos pensamentos)
fora isso, eu ando bastas vezes despenteado, de caneta no bolso da camisa, escrevinhando em pedaços de guardanapos pelos cafés. sou capaz de chegar a um balcão e pedir, um café e um papel, escrever qualquer coisa sem nexo que acabo por deitar para dentro de um livro e só voltar a encontrar quando é já tarde demais. no entanto, nesta coisa das palavras, nunca é tarde demais.
histórias de amor, queria-lhes fazer um singular onde eu pudesse entrar e sentir-me bem, como em casa. vem para casa, dizes tu, eu sorrio e sento-me no sofá onde procuro esse teu cheiro que ainda não conheço. mesmo que não o possas entender, tu já estavas cá, aqui, antes mesmo de chegares. se o digo, é porque o repito muitas vezes. mas tudo aquilo que eu digo é verdade, na medida em que as coisas podem ser verdadeiras.
(acabo de decidir por isto. tudo pode ser verdadeiro se nada for comparável. eu torno as coisas mais simples quando as penso)
um singular, um singular casal. lutamos contra as distâncias fazendo muita força com os braços. um dia vamos estar numa fotografia sobre a mesa da sala, a sorrir a nossa juventude para a posteridade. é assim que acontecer, nos filmes e nas vidas das pessoas boas. histórias de amor, histórias de amor por todo o lado, naquilo que escrevo. e depois é preciso um certo tempo ( não necessariamente o bom tempo) para se poder escrever aquilo que se sente.
(no final disto fica, certamente, algo por perceber. essa sensação é bem filha do muito que fica por explicar)
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quinta-feira, novembro 03, 2005
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