(para .)
sonhei, sonhei esta noite. esta noite ou melhor, todas as noite eu sonho contigo. como é que eu te digo isto sem pensares que enlouqueci?
todas as noites, todas as noites, quase em ritual, deitado na cama. fecho os olhos e surges tu. sim. fecho os olhos e surges tu, distante e solúvel. sentas-te ao meu colo, quando te toco, e dizes, sem qualquer nexo sensual nas tuas palavras, "estava mesmo a precisar de descansar". eu não entendo, eu nem percebo, mas sonho, sonho sim, todas as noites, todas as noites contigo.
sim, sim, sim, todas as noites, como é que eu posso, como é que eu posso dizer-te isto sem pensares que me viciei na recordação de ti?
todas as noites, essa mulher que és tu, que me aparece nos sonhos a mais bela, a mais desejada. sonho que te beijo, em silêncio, e que se ouvem todos os barulhos da cama em fundo, como em fundo de filme. todos os barulhos e gaivotas lá fora. beijo-te o pescoço, a face, encontro a tua boca. os meus braços puxam-te para mim, ainda incertos da tua permissão. envolvo-te a medo, tu sabes. e de repente tu, em explosão, as pernas abertas sobre o meu colo.
todas as noites, todas as noites, todas as noites, todas as noites. eu em excitação por te ter assim, presente e desejante, sobre o meu corpo.
depois revejo os movimentos com que subo a tua camisa, as minhas mãos a oferecerem-se à tua pele, a subirem pelos teus quadris, a aquecerem as tuas costas. as tuas mãos na minha cara, no meu cabelo, as tuas unhas a passarem por mim, eu a sentir-te em arrepio, a tua respiração que se altera. todas as noites, eu abro o fecho do teu soutien, eu sinto o calor dos teus seios, eu chupo os teus mamilos inquieto.
todas as noites, isto, todas as noites, isto, tu, tu, tu, aqui na minha cama, todas as noites o mesmo extâse por ti.
como te dizer isto sem dizer que te amo? como te dizer isto sem que repitas o teu jeito frio, sem que me humilhes? todas as noites tenho-te assim, em silêncio e em sonhos, antes de adormecer no teu abraço, antes de rememorias a tua cabeça no meu peito, a tua forma de sorrir, as tuas desculpas quando achas que me chateias com a tua voz, as tuas histórias, que eu me delicio a ouvir. como te dizer isto sem te dizer tudo o resto?
todas as noites. todas, todas as noites. todas.
Arquivo do extinto blogue Esferovite- a vida em pedaços (13-08-2003/ 4-01-2006)
sexta-feira, agosto 05, 2005
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1 comentário:
O texto está muito bonito, replecto de sentimento. Dps de o ler duvido que a miuda tenha tido coragem de te humilhar...inda dizias tu que ñ estavas apaixonado!
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