Arquivo do extinto blogue Esferovite- a vida em pedaços (13-08-2003/ 4-01-2006)

domingo, agosto 07, 2005

nomes são substantivos

queremos que nos diga todos os nomes, todos mesmo. eu, sem expressão, não fazia ideia do que me estavam a falar. sentado no que me parecia ser um lugar estranho, mesmo que fosse um café, três homens de fato e gravata à minha frente. pareciam calmos, por enquanto. sim, talvez o ambiente ficasse mais pesado. eu não sabia o que estava ali a fazer, nem o que queriam de mim. mas já dava para perceber que não seria o lugar mais saudável para se estar. acenderam uma luz.

todos os nomes, está a perceber, todos os nomes. mas os nomes de quem? sabemos com quem anda envolvido. eu, sem expressão, pensava para dentro. com quem ando envolvido, com quem ando envolvido, com quem ando envolvido. estranha associação de palavras. ah, será isto? ando envolvido com palavras nocivas? é isso? a expressão dos três homens endureceu, pareciam agora rochas. não nos goze na cara, diga-nos os nomes. a luz na minha cara, eu sem perceber o que me queriam dizer, o que queriam de mim.

começava a ficar calor e eu suava. todos os nomes, todos os nomes. estávamos nisto há horas. três homens de fato e gravata a perguntar-me por uma coisa que não sabia como responder. depois de alguma incredulidade inicial, comecei mesmo a pensar que talvez eu fosse culpado de alguma coisa, parte integrante de uma conspiração. quanto mais pensava em nomes, menos capaz era de me lembrar de algum. começava agora a pensar que não sabia mesmo nome nenhum. e as gravatas impacientes, homem, dê-nos os nomes.

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