Arquivo do extinto blogue Esferovite- a vida em pedaços (13-08-2003/ 4-01-2006)

segunda-feira, agosto 22, 2005

por fim te digo

estás a comer as palavras: estás a comer as palavras/ e eu não te entendo. tentar fazer as coisas como se fazem os poemas - isso - ou então sair a correr de casa com os sapatos ainda por calçar, a camisa por abotoar: era isso que eu queria, e digo o teu nome baixinho, era isso que eu queria, poder viver dentro de um filme francês e estar apaixonado.

estás a comer as palavras [ou] estás a ficar sem rede [ou] sabes que horas são? é que tenho o comer ao lume e o autocarro nunca mais chega. era disto que eu te queria falar, se tu viesses, um dia, ao café comigo. mas há gente a mais na tua vida, gente a mais de maneira que eu já não vou caber. porque os relacionamentos amorosos são como os carros comerciais: só têm dois lugares e é proíbido (tanto como doloroso) levar alguém na mala.

estás a comer: palavras que vão e vêm de dentro da tua boca, eu sem perceber nada. tentar fazer as coisas como se fazem poemas, uma caneta, um caderno (pode até ser a toalha de mesa do restaurante onde como esta sopa), deixar que as palavras escorreguem pelo braço, mexam nos dedos, dominem a caneta e pronto. e eu ali sentado a pensar, filmes franceses, raparigas que falam baixinho. estar apaixonado.

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