a cidade está deserta, deserta. consegue-se ouvir o nosso sangue a correr enquanto se sobem as ruas até casa. corre uma brisa, mas nada de evidente. a cidade está deserta. são poucas as pessoas que ficaram a almoçar por cá. todas as outras desapareceram. uma ou outra pessoa numa esplanada. ainda por cima a hora de maior calor. eu sem conseguir dizer nada de jeito.
oiço o meu sangue a correr, os meus chinelos a ecoar pela avenida e apercebo-me como me vou conseguindo incompatibilizar com toda a gente. mesmo com toda a gente. por isso hoje é domingo, a cidade está deserta, deserta, e eu aqui, aqui, a ouvir o sangue, o ecoar das chinelas, as poucas pessoas pela esplanada, esta cidade do interior assim, como que abandonada. eu aqui, abandonado por mim mesmo.
e mesmo que eu pudesse pensar que vou sacrificando tudo ao que escrevo, é domingo a tarde e eu não escrevo nada de jeito. podia ler mas está calor. podia sorrir mas está calor. podia ir à praia, mas até para isso está demasiado calor. e mesmo que eu pudesse pensar que vou sacrificando tudo ao meu modo de vida, a cidade está deserta e eu, aqui sozinho, não me sinto capaz de afirmar seja o que fôr. a cidade deserta, deserta.
Arquivo do extinto blogue Esferovite- a vida em pedaços (13-08-2003/ 4-01-2006)
domingo, agosto 07, 2005
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1 comentário:
Há um tempo certo para os espaços entre dedos dos pés nos dizerem coisas ao ouvido.
lov ya
Inês
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