Arquivo do extinto blogue Esferovite- a vida em pedaços (13-08-2003/ 4-01-2006)

quarta-feira, agosto 31, 2005

coisas

às vezes escrevo assim estas coisas parvas. é de tarde e os meus olhos ameaçam fechar-se de sono. no entanto, o barulho dos carros, lá fora, mantem-me em leves cabeçadas no vazio. uma ou outra pessoa passa, mas são as máquinas, meu deus, as máquinas, as gravações das vozes na instalação sonora, que me aguentam aqui.

às vezes tenho este tipo de ideias parvas. olhar pela pequena janela dos fundos e espiar uma rua onde quase não passa ninguém. esperar ver, assim, tão visivelmente escondido, alguém que sai de um prédio a que não pertence. identifico-a pelos cabelos, ou não, a voz, ou não, o tom levemente bronzeado das férias.

às vezes acabo mesmo por bocejar na frente de estranhos. imagino sempre noites sossegado que acabam por nunca acontecer. um amigo, um trabalho, uma rumba, em cima da hora. outra coisa qualquer como, por exemplo, eu mesmo. o sono, a falta de razão, a solidão, nada disto a servir como desculpa. às vezes, coisas parvas, nada mais.

1 comentário:

herbert farias disse...

os lugares, as pessoas, os atos da janela: os lugares, as pessoas, os atos dos livros. Em algum lugar entre capa e contra-capa alguém de papel e tinta também tem essas idéias parvas. Até surgir um conflito.

Arquivo do blogue