ainda dá para fumar um cigarro, pouso a mala à porta de casa e sento-me, talvez pela última vez, no sofá da sala. olhos os quadros pendurados na parede e tento lembrar-me dos lugares onde os compramos. antes de eu ter entrado nesta sala, não havia nada nas paredes. só os armários.
agora, é ver os quadros, as fonte de cores que se plantou por aqui enquanto durou a nossa paixão. foram alguns anos, sim, enquanto sinto o fumo a entrar-me pela garganta tento pensar quantos. estendo as pernas para debaixo da mesa onde amontoas jornais. olho em volta e não há cinzeiro.
antes de eu ter entrado nesta sala, ainda tudo era possível nas nossas vidas. agora estamos mais velhos, mais cansados, menos certos de tudo aquilo que nos foi sendo prometido desde que nascemos. apago o cigarro no beiral da janela e sigo porta fora. deixei as chaves onde combinámos, do lado de dentro.
Arquivo do extinto blogue Esferovite- a vida em pedaços (13-08-2003/ 4-01-2006)
domingo, julho 31, 2005
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2 comentários:
Ssempre que lhe venho, fico com a fala muda...
Obrigado polo teu artigo no Portal Galego da Língua! Para os galegos que acreditamos que a nossa língua é mundial é muito importante artigos e trabalhos como o teu.
Um abraço desde a Galiza,
José Ramom Pichel
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