Arquivo do extinto blogue Esferovite- a vida em pedaços (13-08-2003/ 4-01-2006)

sexta-feira, julho 15, 2005

colo

vem aqui ao meu colo, vamos ouvir o silêncio. lá fora a humidade queima vagarosamente a relva que rodeia a casa, alguns cães, na vizinhança, ladram aos carros que passam pela madrugada. vem aqui ao meu colo, sente a minha mão a encostar-se pelas tuas costas. vou-te dizer coisas ao ouvido, coisas que precisas de ouvir. vem aqui ao meu colo. aqui vai estar sempre tudo bem.

vem aqui ao meu colo, deixa que o tempo passe mais devagar. fechamos os olhos e nem damos pelos minutos. sente a minha boca na tua pele, os meus risos nos teus. nesta vida tudo se parece sempre com o mesmo, embora, na verdade, nada seja igual. vem aqui ao meu colo, sempre tinhas que te sentar em algum lado. beijo-te e tu coras.

vem aqui ao meu colo, a tua cabeça no meu colo. é de noite e a minha mão alivia as tuas dores de barriga. dizemos xuu aos medos e ficamos a sorrir, a dizer baboseiras. eu falo baixinho, com a cara na almofada. tu sorris e adormeces. devagarinho. vem aqui ao meu colo. os medos foram embora, voaram com as pombas. de manhã, digo-te salut. tu estás aqui. no meu colo. onde vai estar sempre tudo bem.

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