um silêncio é ter os pés perdidos sobre a mesa numa noite de verão. um telefone toca algures no corredor. um silêncio, uma noite perdida na televisão apagada. um silêncio, quatro da manhã. o calor que derrete os cabelos sobre a testa suados. um silêncio é ter a janela fechada, morrer assim, sem respirar.
um silêncio e a roupa toda a escorregar pelo corpo. botões abertos, os calções. um telefone que toca, não sei bem onde, nem sequer se sabe bem se há um telefone nesta casa. um silêncio e os olhos bem abertos, a cor do tecto é creme, creme como o sujo e o sol que queima o estuque das paredes. um silêncio é uma promessa por fazer.
um silêncio, a sala. ter a certeza de que há qualquer coisa lá fora que nos faz ficar aqui dentro. os pés, a mesa. botões a cair para os lados. cabeças contra o tecido do sofá. a cabeça que balouça o sono que não vem. pele vermelha. um silêncio é ter as mãos ocupadas, mecanicamente. quatro da manhã, olhos chorosos. noite.
Arquivo do extinto blogue Esferovite- a vida em pedaços (13-08-2003/ 4-01-2006)
terça-feira, julho 05, 2005
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1 comentário:
gosto do silêncio... as vezes amigo, outras vezes inimigo de mim mesma...
mas é no silêncio que me encontro e me perco e volto sempre a sorrir...
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