Arquivo do extinto blogue Esferovite- a vida em pedaços (13-08-2003/ 4-01-2006)

sábado, julho 02, 2005

trança

os dedos entrelaçados uns nos outros são os dedos entrelaçados uns nos outros. que horas eram no teu mundo quando saíste de casa, um cão puxado pela trela, os dias azuis e os olhos verdes bem abertos?

os dedos são os dedos são os dedos. mil páginas de futurologia em cima da mesa e os pés pequenos, tamanho trinta e seis trinta e sete, comidos pelas mãos ínfimas dos ratos que atrás das paredes, debaixo do soalho. ouves o barulho ou tenho que aumentar o volume?

racionalmente, racionadamente, radicalmente, raiz. uma raiz a nascer no meio da sala. era uma flor e depois era uma planta e depois um arbusto e depois uma árvore. entretanto já não tinhas uma sala, tinhas um jardim e havia macacos. havia muito barulho, era impossível adormecer no quarto ao lado.

os dedos, porque toda esta história era sobre dedos, os dedos estavam arrumados dentro de uma gaveta, no meio da papelada lá de casa, e um dia veio um funcionário bater à porta e disse que era muito urgente. o telefone estava caído no meio das árvores. os dedos?

mas bem, entrelaçados também o mel e as bolachas, pequeno-almoço na cama, dias azuis, o cão pela trela, saíste de casa, tu a correr pelo passeio, em casa, lá em cima, folhas e ramos e folhas e ramos a sair pela janela, nos teus dedos, entrelaçados.

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