agora fico mais tempo em casa. é como se tivesse deixado de ter onde ir. logo eu, que sou uma pessoa de hábitos mais ou menos fixos, logo a mim, que não discutia com ninguém e que sempre ia olhando a vida como o comboio que passa para lá e para cá todos os dias, só porque tem de ser. havia uma certa resignação de lord, nesse olhar. algumas pessoas diziam que era mais um enfartamento do quotidiano. simplesmente, uma série de coisas não te interessavam. pois fosse.
agora fico mais tempo em casa. porque há certas coisas que nem o zen nos pode impedir de sentir. quanto tens uma agulha espetada no braço e, diariamente, te vêem remexer o bico, mais para um lado, mais para o outro, sempre acabas por soltar um guincho. neste caso, não um guincho. mais uma asneira bem dita, com todas as letras, made in portugal, ora como haveria de ser? soltas, estás solto. e ao mesmo tempo que te sentes liberto percebes como ficas preso nos teus caminhos.
agora fico mais tempo em casa. estou à espera não sei do quê. os dias repetem-se igualzinhos, quase nunca nada para dizer que o dia mudou depois do de ontem. encontraste uma fórmula para os teus dias, foi o que foi. acordas cedo, tomas banho, preparas o almoço, sais a espreitar o jornal pelo quiosque, bebes uns quantos cafés, pensas no jantar e fica o dia pronto, o diagnóstico. dantes ainda te distraías um bocado, ou era só o hábito? agora fico mais tempo em casa, tenho muito mais tempo para pensar nisto.
Arquivo do extinto blogue Esferovite- a vida em pedaços (13-08-2003/ 4-01-2006)
sexta-feira, julho 29, 2005
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