Arquivo do extinto blogue Esferovite- a vida em pedaços (13-08-2003/ 4-01-2006)

domingo, julho 31, 2005

noite

devia ser frio, era com certeza frio, lá fora, na rua, onde passavam os carros com as luzes acesas, de maneira que os traços da estrada sem viam em intermitência, cada vez menos, mais tarde fosse. ela ficara acordada a noite inteira. agora doíam-lhe os olhos e já não tinha mais nada com que se distrair que não fosse os dedos dos seus pés, a entrelaçarem-se uns nos outros.

devia ser frio, era com certeza frio, ela passara a noite a pedir-lhe para não casar, para não fazer parvoíces, para não fugir. ele tinha passeado pela casa semi nu, com o olhar incerto sobre as folhas perdidas nas mesas de todas as salas da casa. a ela, doíam-lhe os olhos, as luzes lá fora dos carros, e dos dedos dos pés, os dedos dos pés, entrelaçados.

o frio, o frio, mas só a ela. ou os pensamentos a isolarem-se em dossiers separados na cabeça. palavras, não, não lembrar que ela passou a noite toda a pedir-lhe para não casar, para não fugir. ele o olhar incerto, semi nu, pela casa, pela casa. lá fora os carros, as luzes, o frio, o frio. os pensamentos, isolados. só a ela. só a ela.

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