dores de cabeça são coisas produtivas, literariamente. muitos e muitos escritores tiveram dores de cabeça, umas mais fortes que outras. alguns poemas ficaram por se escrever devido às dores de cabeça - o poema a surgir, desinteressado e fútil pelo meio da indisposição, a mão já sem obedecer, o adormecimento. dores de cabeça, olhos pesados, corpo inquieto.
a cama desfeita há mais de uma semana. os pés descalços num tapete desfeito pelos pés descalços. muitos escritores passearam sobre tapetes em salas onde deviam estar sentados a escrever. o escritor perante a emergência de um poema, de uma frase, levanta-se - e os pés descalços, e o tapete que se desfaz, e as mãos nos bolsos ou no queixo.
um monte de livros sobre o sofá. seria preciso conferir algumas histórias atrás, perceber que os livros já ali estão há muito tempo, como que abandonados no cenário. os olhos pesam, fecham-se. o corpo, sem forças, deixa-se moldar pela pequenez da sala. quando acordar, a dor de cabeça talvez já tenha passado, mas estarão duridos o pescoço, as costas, as pernas. todas dores menos produtivas que as dores de cabeça.
Arquivo do extinto blogue Esferovite- a vida em pedaços (13-08-2003/ 4-01-2006)
sábado, julho 02, 2005
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1 comentário:
o prazer de ler... de folhear um livro... devorar as palavras e chegar ao fim e sorrir.
há quanto tempo nao me perco para mais tarde me encontrar... há quanto tempo?
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