Arquivo do extinto blogue Esferovite- a vida em pedaços (13-08-2003/ 4-01-2006)

terça-feira, julho 05, 2005

copo de água

estou a fazer que não com o indicador direito. comigo não.

não estás a ver bem, podiam ser os óculos. não estás a perceber que entre o que se diz e o que se sente há uma fuga imensa, intensa, de nós próprios. nem tu consegues perceber a maneira como foges.

como é que eu poderia ser inteiro? como é que eu poderia ser sério?

andei tempo demais a pensar que era sério e a comprometer-me com o mundo. agora não sou nem mais sonhador, nem mais iludido com nada e com ninguém. sou até menos. agora sou muito mais parecido comigo, sei que um dia vamos morrer e que todas as páginas vão ser apagadas dos nossos cadernos.

é mesmo assim. é por isso que, para mim, as palavras têm o peso que têm. são leves e ocas. podemos sempre fazer com elas o que quisermos.

e entretanto eu pareço demasiado directo, demasiado fútil, demasiado brincalhão. a minha maneira de deixar o álcool longe da ferida o suficiente para não andar sempre a chorar. desrespeito a tua dor? nunca, nunca o poderia fazer.

eu sei como queima e como dói. eu sei como é quando tudo parece mal, tudo parece que vai acabar. agora não sou mais leve. agora sou só mais eu. porque, no final das contas, nós temos que aguentar. eu, a tentar perceber o amor em todas as coisas.

Sem comentários:

Arquivo do blogue