por detrás do fumo do karaoke
o teu cigarro farol da minha noite
envolta em bebida e copos vazios
mãos feitas de gente e gente só de mãos feitas
por detrás do fumo do karaoke
uma cara japonesa a sorrir
uma perna esticada por entre as mesas
e uma borboleta preguiçosa a escorregar pelas minhas lentes.
por detrás do fumo do karaoke
cantores de olhos apagados e mãos trémulas no microfone
uma jovem de dezassete anos a dizer que escreve poemas
uma pintura nos olhos que lhe esconde as feições
por detrás do fumo do karaoke
o meu copo de vodka na tua boca
a tua boca na boca de um tipo qualquer
um tipo qualquer que eu não conheço
alguém que se esqueceu de um casaco aqui no chão
e uma borboleta preguiçosa a escorregar pelas paredes.
por detrás do fumo do karaoke
uma voz que fala em espanhol das astúrias
um infante que lê manuel de freitas
e uma mini saia que nos faria esquecer toda a história da literatura
por detrás do fumo do karaoke
era capaz de jurar que já aqui tinha estado
não uma nem duas
um bom milhão de vezes
um porteiro que se despede de mim amigavelmente
uma manhã que ameaça despertar no meio do frio
uma borboleta que, enfim, desaparece.
ao som de devendra banhardt
Arquivo do extinto blogue Esferovite- a vida em pedaços (13-08-2003/ 4-01-2006)
segunda-feira, setembro 12, 2005
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