o primeiro acto são duas pessoas sentadas numa sala. estão em cadeiras simples, têm roupas banais, um cinzeiro algures (pode ser no chão, pode ser noutro lado qualquer). pode ser um ele e uma ela, é assim que está escrito, mas também pode ser outra coisa qualquer. são duas pessoas sentadas numa sala. conversam sobre qualquer coisa que não se sabe muito bem o que é. falam das coisas que os preocupam, acho que é só isso.
são pessoas da mesma geração, da geração que ouviu falar de uma revolução que parecer ter sido uma coisa muito boa mas da qual os sonhos acabaram todos de bigode a fingir marquises nas grandes cidades. da geração que dizem que é da europa mas que tem a família toda enterrada no analfabetismo e nas recordações de senhores doutores que mandavam. da geração que vai conquistar o mundo mas que lhe custa tudo, tudo, como uma dor de costas que não passa.
o primeiro são cigarros que se fumam devagar entre perguntas para as quais nunca se encontra resposta nenhuma. podia ser num café, numa sala ou num palco de um teatro. porque não há nenhuma necessidade em fingir que não se está onde se está. nem é preciso inventar grande coisa. fosse onde fosse, a sensação seria sempre a mesma. a sensação de quem tem todas as perguntas embrulhadas no medo que dá descobrir uma das respostas. é isso.
Arquivo do extinto blogue Esferovite- a vida em pedaços (13-08-2003/ 4-01-2006)
segunda-feira, setembro 26, 2005
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