cantamos uma música a duas vozes, em silêncio, tu no teu quarto eu na rua, a subir calçadas sem destino a lado nenhum. eu passo os dedos pela rugosidade das paredes dos prédios e imagino olhos de várias cores a nascer por dentro das janelas. depois disso, uma luz no fundo do bolso e uma voz que reconheço. cantamos uma música a duas vozes, em silêncio.
desatamos nós com os dedos grossos da fome, uma fome de amor que não acaba nunca. arrepio-me com as palavras e com os modos de as dizer, dói-me o pescoço quando acordo de manhã e visto sempre a mesma roupa quando saio para o trabalho. tu estás lá, do outro lado do mundo, do outro lado de mim. eu estou escondido e ninguém me vê, porque eu sei tudo isto e não o digo.
corremos os corredores dos hospitais, as luzes brancas nos nossos crânios e um calor que não sabemos de onde vem. cantamos uma música a duas vozes, mesmo sem instrumentos, sem números de telefone, sem cantatas ao luar. eu ensaio geografias em cadernos de anotamentos e tu fazes malas, sempre, sem ter para onde ir. destamos os nós com os dedos grossos da fome e corremos, corremos, os corredores.
Arquivo do extinto blogue Esferovite- a vida em pedaços (13-08-2003/ 4-01-2006)
sexta-feira, setembro 16, 2005
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