demoro horas para escrever três linhas sem nenhum significado. deixa-me, por isso, ficar em silêncio com as mãos pousadas sobre os sapatos que acabo de descalçar. há um certo ritual em ser-se assim, distante e perturbado, e eu não vejo outra maneira de te comunicar que aqui, aqui nesta terra onde vim parar, chove e abrem-se-me os poros de medo. era isso.
horas e horas para escrever trâs linhas, três míseras linhas que nascem para ser apagadas. também por isso escolho o silêncio, o silêncio e um copo vazio. descalço-me e fico a pensar nas míseras maneiras de abraçar o sonho e o sono. as mãos sobre os sapatos, não sei bem o que faça, só não quero que o destino me fuja das mãos.sei como ir, sem saber para onde.
horas e horas para que, no fim, tu continues a achar-te superior ao mundo. pensas, quando é de noite, que não podias merecer nunca aquilo tudo que te fiz sofrer. és pequenina e mereces o melhor, pouco importa o resto. quando te sentires de novo sozinha vais voltar, dizer-me que pensaste sempre em mim, que não tens sorte no amor. eu estarei com as mãos sobre os sapatos. uma espécie de fim.
Arquivo do extinto blogue Esferovite- a vida em pedaços (13-08-2003/ 4-01-2006)
quarta-feira, setembro 07, 2005
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