agarra-me ao chão, só mais desta vez. os pés ficam leves, leves e tudo o que eu oiço é uma voz limpa e quieta, sem nada que me abrace nestes dias de seca. ando pela rua e tudo o que vejo é o ponto onde saltar, para outro lado, para outra coisa qualquer. não vejo partidas nem chegadas: apenas esta maneira de estar sempre algures, onde tu não estás.
agarra-me ao chão. não como se agarram os navios ou os aviões. agarra-me como, não sei. de uma maneira que sintas próxima das linhas da tua mão. um abraço, um beijo, um sinal, só. o teu olhar. ou nada. não me tentes agarrar, talvez seja essa uma boa maneira de o fazeres. ou então, isto não vale nada. eu estou a dar-te as pistas erradas.
agarra-me ao chão, é isso que eu digo baixinho, porque sei que tu ouves. arrumo as minhas mãos nos bolsos e, mesmo assim, lá vou eu, a crescer para o céu ou qualquer coisa assim como isso, lá. os meus pés não correspondem ao meu pensamento, no fundo, eu sei que eles também não existem para isto. pois, agarra-me, agarra-me. como tu quiseres.
Arquivo do extinto blogue Esferovite- a vida em pedaços (13-08-2003/ 4-01-2006)
segunda-feira, outubro 03, 2005
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1 comentário:
arte do real e do sonhar, são artes. dificeis.
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