lembro-me do dia em que chegaste devagar a casa, com os pés a soletrarem passos por cima da carpete, os olhos muito abertos para ver no escuro, e eu sentado no sofá da sala, acabado de acordar com o rodar da chave na porta da rua. lembro-me desse dia como se fosse agora mesmo que estivesses a chegar. eu, a sorrir.
lembro-me do teu sussurro de boa noite, da minha mão a acender o candeeiro, de ficarmos ambos confiscados perante aquela luz. lembro-me de caíres de cansada sobre o sofá e deitares a tua cabeça ao meu lado. e depois a minha voz recuperada, vamos para a cama. vivia-se na cidade, nesses tempos. nada nos podia enganar.
lembro-me de nos ser muito difícil despir, lembro-me do teu cão a passear-se pelo corredor, talvez a pensar que era já dia. e depois a cama, fria fria como uma noite sozinho. as minhas mãos a procurar as tuas, os nossos corpos abraçados. lembro-me de já não haver força sequer para um boa noite. um só beijo que se nos apagava. nós, era uma forma de conjugação.
Arquivo do extinto blogue Esferovite- a vida em pedaços (13-08-2003/ 4-01-2006)
sexta-feira, outubro 07, 2005
Subscrever:
Enviar feedback (Atom)
Arquivo do blogue
-
▼
2005
(461)
-
▼
outubro
(26)
- sete da manhã e...
- tantas portas
- código binário
- espreitar pela vidraça - prólogo
- sinal
- cinema
- mudança da hora
- auto-conhecimento
- uma série de coisas sem sentido
- aniversário de casamento
- segredos
- dois mais dois
- mote
- "o homem sem qualidades"
- 7
- aprender a citar
- papel amachucado em cima da mesa da cozinha
- chuva
- livro
- tu
- n ó s
- texto
- medo
- o romeno
- inquietação de josé mário branco
- bilhete postal
-
▼
outubro
(26)
Sem comentários:
Enviar um comentário