alguma luminosidade pela estrada, o alcatrão que brilha, suponho, enquanto a terra acumulada nas estradas vai escorrendo para as bermas, e das bermas para os regueiros, e dos regueiros para dentro da própria terra. alguma luminosidade, faróis acesos nesta manhã quase noite, o corpo tem mais sono, está mais quente debaixo das mantas de inverno, é mais difícil a rua.
alguma luminosidade, algum acerto, algum aperto, provavelmente no coração, o cinto do carro contra o meu pescoço, o meu peito, os meus olhos bem abertos contra o pára-brisas cheio de água, o não haver nada para ver para além deste vidro cada vez menos transparente. e depois que horas são quando alguém nos toca no braço, quando alguém nos sorri? aqui dentro de casa, eu e o meu carro.
alguma luminosidade nas histórias de amor que rasgo mal acabo de as escrever. alguma perícia nos dedos e muita saudade de ter a sala cheia de risos. mas para mim é sempre a estrada, sempre uma cortina fechada para dentro de mim. podias dizer de um engano ou podias dizer de um suspiro. abraçar esta manhã e engolir as palavras todas que acabo de dizer. porque eu, eu estou sempre calado.
Arquivo do extinto blogue Esferovite- a vida em pedaços (13-08-2003/ 4-01-2006)
terça-feira, outubro 11, 2005
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