de mãos nos bolsos e passo sossegado pela calçada descemos juntos a rua e eu penso, enquanto falo baixinho, que está demasiado barulho, demasiado barulho debaixo deste céu, tanto que não consigo olhar para ti. de mãos nos bolsos, olha de engenheiro, percebo que há muita coisa que muita gente pode esconder, só não é possível é fingir que não se esconde. estás a acompanhar-me?
a descer pela calçada a rua, olhar de engenheiro, eu penso nos planos e planos que já fiz em todos aqueles dias em que pensei demasiado sobre todas as coisas sobre as quais é possível pensar. de mãos nos bolsos, para não ter que segurar um cigarro, para não ter frio. a descer pela calçada a rua, eu sei que nada de melhor me espera quando virarmos a esquina, mas ainda assim, não me apetece desistir nem parar. estás a acompanhar-me.
com o passo sossegado, existem coisas das quais não queremos falar. também, com tanto barulho, com tanto barulho debaixo desta noite, certas coisas não têm mesmo como ser ditas. as mãos nos bolsos, porque não existe mais lado nenhum onde as mãos tenham lugar. com o passo sossegado, e com toda a minha sinceridade, minto, minto por cansaço e falta de vontade de levantar a voz, levantar a voz por cima de todas as fronteiras. tu não estás.
Arquivo do extinto blogue Esferovite- a vida em pedaços (13-08-2003/ 4-01-2006)
sexta-feira, abril 22, 2005
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1 comentário:
 mentira jamais é solução para coisa alguma
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