estás do outro lado da mesa a sorrir vida para mim, enquanto eu me tento esconder por entre os papéis e me engasgo, como sempre, a cada frase séria que tento dizer. não sei como acabo a fazer sempre o contrário daquilo que tento. quando quero vender, acabo a comprar. quando quero comprar, acabo a vender. eu uso as frases todas que não cabem no meu personagem. tu sorris vida do outro lado da mesa.
a sala está escura e eu deixo os olhos caídos sobre a mesa, onde me é tão mais confortável tê-los. tu brilhas, ou pelo menos é essa a sensação que tenho desde que cheguei. conto os anéis que tens nos dedos. nunca sei o nome dos dedos. tens um anel naquele dedo onde toda a gente usa os anéis, mas não é uma aliança, talvez uma prenda do teu namorado a fingir casamentos. e depois tens uma série de outros anéis presos uns nos outros pelos dedos.tanto brilho.
estás do outro lado da mesa a tentar fazer-me interessado naquilo que tu dizes. eu olho para o tampo da mesa, para os teus dedos, digo que sim a tudo, digo que sim a tudo, e repito os finais das tuas frases, para te assegurar que estou a ouvir. não posso contar isto a ninguém, porque ninguém compreende porque se fica triste por haver uma rapariga bonita a gostar de nós. também ninguém saíria da sala sem ter o teu número de telefone, depois de teres piscado o olho. eu entro no carro e apetece-me chorar.
Arquivo do extinto blogue Esferovite- a vida em pedaços (13-08-2003/ 4-01-2006)
sexta-feira, abril 15, 2005
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1 comentário:
Quando te apetecer chorar aconselho-te a fazer um só coisa: Chorar!!!
Há é p isso n voltar a acontercer já sabes o que tens a fazer na próxina vez...pede-lhe o n.º (o não já tu tens...por isso só tens a ganhar nc a perder)
Lua*
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