chuva, pouca luz a entrar pela janela que se abre de manhã. o cortinado incrédulo que se afasta, o pátio molhado, o beiral molhado, tudo molhado. chuva. pouca luz. hora de alimentar plantas, flores e terra. hora de dar de comer às sementes. beber. as sementes comem ou bebem? chuva. pouca luz que vem de fora, mais uma lâmpada acesa no interior da casa. chuva.
chuva, mais um adereço para sair de casa. chapéu de chuva, guarda-chuva, impermeável. mais um adereço. abre-se a porta da rua e. chuva. os carros passam e levantam a àgua que escorre para dentro dos esgotos. levantam a àgua que se beija pelo alcatrão. mais um adereço, chapéu de chuva aberto. banda sonora de pingos enquanto se anda. mais devagar, pode-se escorregar. na chuva.
chuva, porque o inverno nos disse que estas coisas chegam. em todo o lado chão molhado, calçada, alcatrão, mosaico. molhado da chuva. inverno, sim. os cafés fumarentos tornam-se mais simpáticos, quentes e secos, acolhedores. nas vidraças, chuva. ouve-se o barulho, o barulhinho bom. a cair lá do céu, porque o inverno. sim, o inverno. chuva, pouca luz, muito menos luz, àgua que cai sobre os cabelos, os ombros, nos casacos. chuva.
Arquivo do extinto blogue Esferovite- a vida em pedaços (13-08-2003/ 4-01-2006)
sábado, fevereiro 26, 2005
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